Escolas do ensino secundário, profissional e superior

Artigo/reportagem

Palavras-chave: energia

Coruche
Escola Secundária com 3º CEB de Coruche (CORUCHE)

Dizemos “urgente”, porque as principais fontes das quais obtemos energia correm risco de desaparecer muito rapidamente, devido à velocidade impressionante com que consumimos esses combustíveis; além dos efeitos nefastos deste consumo desmesurado no ambiente.

Como resposta a esta necessidade, o Município de Coruche designou o período de 2011/2020 como a “Temporada da Eficiência Energética”. A 30 de Setembro de 2010, este concelho aderiu ao “Pacto de Autarcas”, desafio lançado pela Comissão Europeia, no qual as cidades e vilas europeias aderentes comprometem-se a reduzir até 2020 pelo menos 20% das emissões de Gases com Efeito de Estufa, submetendo-se a um Plano de Ação para as Energias Renováveis.

Neste âmbito, com o objetivo de reduzir o valor da fatura energética do município e, consequentemente, contribuir para a sustentabilidade ambiental global, estão previstas diversas medidas e ações que vão desde a análise de tarifários/potências e consumos; Elaboração de diagnósticos energéticos e caracterização de consumos em diversas instalações; Certificação energética e qualidade do ar interior dos edifícios; Implementação de soluções de eficiência energética na iluminação pública até à realização de Ações de formação e sensibilização para a utilização racional de energia.

Estas ações serão concretizadas posteriormente sob a forma dos seguintes projetos: “Guia de Boas Práticas para a Utilização Racional de Energia” (URE) (Consiste na distribuição de manuais de “Boas Práticas” pelos vários edifícios de serviços municipais, acompanhados de ações de sensibilização); Projeto “Desligue o Desperdício” (Baseia-se na colocação de Etiquetas Autocolantes junto dos diversos tipos de aparelhos elétricos (climatização, eletrodomésticos, equipamento audiovisual e interruptores de luz) e também alguns projetos para a comunidade escolar, como por exemplo o projecto “Poupa Watts”e “Eficiência acima de tudo!”

Mas para melhor percebermos o contexto da vila de Coruche no panorama da utilização das Energias, contamos com a colaboração do engenheiro Nuno Azevedo, assistente de vereador, e da engenheira Anabela Claro, ambos desempenhando funções na Câmara Municipal de Coruche, que prontamente nos responderam a algumas questões.

Investimentos verdes em Coruche, perspetivas de dois profissionais do ambiente

Foi a partir 2008/2009 que Coruche iniciou os seus investimentos em energias renováveis, mais direcionado para o aproveitamento da energia solar, atendendo à localização geográfica deste concelho. Existem assim alguns edifícios públicos/construções na vila, nomeadamente as Piscinas Municipais, o Pavilhão Gimnodesportivo (o qual possui solares térmicos desde a sua construção, há cerca de 20 anos), Creches da Azervadinha e Santo Antonino, o Estádio José Peseiro, e alguns sinais de trânsito da zona ribeirinha, que funcionam desde então de uma forma mais amiga do ambiente.

Segundo o engenheiro Nuno Azevedo, “com a instalação de painéis solares térmicos nas piscinas municipais, temos um ganho de cerca de 50% comparando com os gastos anteriores à instalação (…) Quanto ao Estádio e ao Pavilhão Gimnodesportivo, optámos por intercalar os sistemas de aquecimento de águas para banhos com os painéis solares térmicos, para os dias em que não há sol, ou durante a noite, de forma a possuirmos um sistema de energia alternativo; E os resultados são bastante significativos. Coruche é, também, uma zona privilegiada para a utilização deste tipo de energias. Aliás, cada vez mais surge a necessidade de se fomentar a ideia do “consumidor/produtor”, ou seja, de cada um, de alguma forma, produzir a sua própria energia.”

“Coruche está também a planear investir cerca de 65 hectares de painéis solares fotovoltaicos, na zona de Santana do Mato. Existe ainda alguma microprodução – dos pequenos investidores, que produzem para consumo próprio, mas devido aos custos sentem-se pouco aliciados a investir” – acrescentou a Engenheira Anabela – “Agora com a adesão ao «Pacto dos Autarcas», temos de nos reportar em relação ao ano de 2009, para alcançarmos as metas pretendidas em 2012. E, na verdade, temos verificado uma evolução na pegada ecológica, inclusive na separação de resíduos, instalação de oleões em pontos estratégicos: práticas que cada vez têm mais uso, e que contribuem bastante para diminuirmos a nossa pegada. Neste momento estamos a fazer auditorias a outros edifícios públicos, de forma a verificar a sua aptidão para a colocação de outros painéis. A nível da utilização da água, temos colocado redutores de caudais em torneiras, chuveiros, autoclismos, nas piscinas e pavilhão Gimnodesportivo, por exemplo. Futuramente planeamos utilizar o biodiesel na frota municipal, mas é uma questão que requer ainda alguma análise. Além das medidas por parte da Câmara, sendo Coruche uma região agrícola, tem-se já verificado a adesão por parte de alguns agricultores e produtores de animais, a este tipo de investimentos.”

O engenheiro Nuno Azevedo salientou ainda: “outras medidas que também estamos a tomar para reduzir o consumo de energia são a colocação de pequenos sistemas fotovoltaicos (acumuladores) nos sinais das passadeiras; tecnologia LED na iluminação de rua, substituição das lâmpadas incandescentes por economizadoras, nas escolas e instalações da câmara, pois cerca de 95% da energia luminosa produzida é dissipada sob a forma de calor e apenas 5% utilizada efetivamente na iluminação. (…) Mas é claro que o comportamento de cada um, como por exemplo o “não deixar os aparelhos em stand-by, desligar as luzes” também é essencial para a redução da pegada ecológica do Concelho.”

E relativamente aos custos?

“É caro, na verdade.” – Responde o engenheiro - “ Se não houverem pequenos incentivos, verificar-se-á uma fraca adesão. No entanto, existem algumas casas particulares que instalaram o painel solar térmico, e que, no fim, ficaram satisfeitos com a fatura da eletricidade.”

E foi assim, de forma otimista, que Nuno Azevedo terminou dizendo: “ Dos municípios da Região do Vale do Tejo, apenas dois concelhos aderiram ao Pacto dos Autarcas: Coruche e Santarém. O nosso município está assim no bom caminho, e acho que já nos podemos considerar uma vila verde, pois possuímos investimentos que nos permitem diferenciar de muitos outros concelhos. Coruche prima por isso: como temos muita vegetação, também não somos muito poluidores.”

Investimentos verdes: será que realmente compensam?

A questão das despesas monetárias com estas novas tecnologias foi uma questão que abordamos junto destes dois engenheiros, e cujos esclarecimentos corresponderam aquilo que expectávamos: este tipo de investimento é claramente dispendioso. Assim sendo, e como o progresso energético de Coruche não depende apenas dos órgãos de gestão, mas também dos seus munícipes, decidimos analisar a fatura da eletricidade de uma casa particular que adotou a termotecnologia: os coletores solares.

Com a utilização de 1 coletor solares, comparámos o consumo e os gastos desta casa no mês de Julho, no ano de 2009 (antes da aquisição do coletor) e no ano de 2010 (após a aquisição do coletor).

Perante a análise das faturas, verificámos que em 2009, com um consumo médio de 243 kwh, o valor da fatura da eletricidade rondou os 40€, enquanto que no ano seguinte, após o aumento do I.V.A., com um consumo médio de 200 kwh, o valor a pagar foi de 30 €, obtendo-se portanto, um decréscimo de 10€ no valor inicial; o que demonstra claramente a eficiência e o lucro monetário deste investimento.

Como explicámos anteriormente, o Município de Coruche há já algum tempo que se preocupa com estas questões ambientais, e cada vez mais preza pela inovação e renovação do mesmo. Analisámos também as áreas de intervenção e aplicação das energias verdes, que vão desde escolas a sinais de trânsito, passando pelos painéis coletores e pela separação dos resíduos.

No entanto, estes não são os únicos progressos: outro ponto a referir é a recente Candidatura ao Financiamento ELENA – European Local Energy Assistance (Assistência Europeia à Energia Local) .

Elena - Apostas Futuras

E em que consiste?

Basicamente este programa é uma espécie de mecanismo que atribui subsídios para assistência técnica: estudos de fiabilidade e de mercado, estruturação de programas de investimento, auditorias de energia, entre outros. O objetivo é o de juntar projetos locais dispersos em investimentos sistémicos e torná-los negociáveis.

Neste sentido foi adquirido recentemente um Medidor de Potência de Tomada 9030, que permite a monitorização do consumo de energia de aparelhos elétricos e através da inserção da taxa de energia elétrica, calcular o custo total do consumo do aparelho, bem como as emissões de CO2 associadas.

Desta forma, pretende-se sensibilizar a população para os gastos desnecessários que está a cometer, e alertá-la das formas alternativas de produção de energia.

E como Coruche é de todos e para todos, apoiemos então individualmente estas iniciativas e façamos um esforço para mais tarde obtermos os desejados resultados; porque “se mudarmos o nosso mundo, o Mundo muda.”

 

 

 

Trabalho elaborado por
Ana Claro nº3
Ana Godinho nº4
Daniel Gomes nº8
Diogo Balsa nº9
Escola Secundária com 3º CEB de Coruche

Ficheiros