Escolas do ensino secundário, profissional e superior

Artigo/reportagem

Palavras-chave: crise económica | pegada ecológica

Crise económica e pegada de CO2
Escola S/3 de Júlio Dinis de Ovar (OVAR)

Foi realizado na Escola Secundária Júlio Dinis um estudo quanto à pegada ecológica da escola, mais propriamente pegada de CO2. Este ano, verificou-se uma diminuição algo acentuada do nível de CO2 emitido por atividades diretamente relacionadas com o funcionamento da escola e necessidades de alunos e professores. Posto isto, perguntámo-nos: Será que existe alguma relação entre a profunda crise económica que o país atravessa e esta diminuição?

Nos dois últimos anos, estudou-se a Pegada Ecológica utilizando diversos parâmetros: foi realizado um inquérito aos alunos sobre a sua forma de se deslocarem para a escola, registou-se diariamente os consumos de eletricidade e gás da escola e o número de fotocópias tiradas diariamente. Depois de realizado o estudo destes parâmetros, trataram-se os dados de forma a calcular a pegada ecológica na escola.

Verificámos diminuições em todos os parâmetros, dos quais destacamos: combustível usado no deslocamento de alunos e professores para a escola e o consumo de eletricidade na escola. No primeiro caso, verificámos uma diminuição na ordem dos 12% de alunos que se deslocam para a escola em veículos próprios e um aumento na ordem de 10% de alunos que se deslocam a pé ou de bicicleta para a escola. Esta alteração de comportamentos traduz-se numa diminuição bastante significativa da pegada de CO2 da escola, uma vez que perto de 86% da pegada ecológica da escola no ano anterior foi causada pelos automóveis. No segundo parâmetro, verificámos quebras no consumo de eletricidade na ordem dos 20%, sendo que a escola se empenhou bastante para poupar neste setor.

As razões para este decréscimo são variadas, e podem ser apontadas como consequência direta da difícil situação económica do país. Ao nível do gasto de combustíveis, os valores desceram graças ao aumento da preferência dos transportes públicos (principalmente autocarro) e à partilha de veículos privados, sendo que muitos professores vêm agora à boleia dos seus colegas para a escola. Por outro lado, os pais de alunos que vivem relativamente perto da escola decidiram reduzir as vezes que transportam os seus filhos para a escola, optando por se deslocarem a pé ou de bicicleta. 

Ao nível da eletricidade, foram impostas rígidas diretrizes por parte do órgão de gestão da escola: os aquecedores raramente são ligados, luzes devem estar apagadas sempre que desnecessárias e a escola já não se encontra iluminada durante a noite. Por outro lado, ocorreu uma sensibilização da população escolar, tendo como impulsionadores os membros do Ecoclube da escola, para melhor rentabilização da luz solar e cortes com gastos desnecessários de energia.

Por último, também ao nível de fotocópias se verificaram significativas reduções. Os professores preferem agora mandar por e-mail ou mesmo através de plataformas como moodle ou skydrive os documentos em questão para os alunos, evitando-se assim o uso de tantas fotocópias.

Quando escrito em chinês a palavra crise compõe-se de dois carateres: um representa perigo enquanto o outro representa oportunidade. Nesta situação, verifica-se isto mesmo. Se por um lado a crise nos tem levado a situações de gestão complicada do pouco que temos, por outro lado pode dizer-se que tem beneficiado o meio ambiente, embora ainda de forma pouco significativa a curto prazo, já que se tem cortado em tudo o que é supérfluo e desnecessário não só nas nossas casas como também em edifícios públicos. Graças a esta crise, a gestão da nossa escola, em particular, é agora mais inteligente e amiga do ambiente.

Escola Secundária com 3.º ciclo Júlio Dinis de Ovar
Professora Responsável: Ana Cristina Gomes
Alunos participantes: Carlos Guilherme e Iuri Pena