Escolas do 2º e 3º Ciclo do Ensino Básico

Artigo/reportagem

Palavras-chave: biogás

Cozinhar à Borla
Escola EB 2,3 da Galiza (CASCAIS)

Está a ser construído um biodigestor para produção de biogás na nossa escola.  
Está um “sururu” na nossa escola nunca visto.
Alunos do 9º ano andam super atarefados. No laboratório de Ciências, a porta está bem fechada com um aviso de perigo de morte, e só alguns alunos entram com a Professora.
Outro dia, cheirava imenso a esterco de vaca nos corredores. Quisemos saber a razão de tudo isto e resolvemos entrevistar o grupo de alunos e Professora.

O Francisco explicou-nos que se estava a realizar uma experiência inédita na escola: a construção de um protótipo de biodigestor para a produção de biogás.
“Tudo começou já no final de Abril. Estamos a concorrer ao prémio Fundação Ilídio Pinho “Ciência na Escola” e o nosso objetivo é dar a conhecer às pessoas a possibilidade de poderem cozinhar a custo zero, utilizando biogás,” disse-nos entusiasmado. Com este mesmo projeto inscrevemo-nos também no “6º Concurso de Escola Empreendedoras de Cascais” e ficámos a um ponto do terceiro lugar”. “Tivemos que planear uma empresa e mostrar que o nosso negócio era viável.”- disse a Inês”.
Quisemos saber o que era o biogás.

Explicaram-nos que o biogás é uma mistura gasosa feita principalmente de dióxido de carbono CO2 e metano CH4. Tem uma baixa densidade e é mais leve que o ar, apresentando desta forma menos riscos de explosão, já que a sua acumulação se torna mais difícil que a dos demais gases. Muito pouca energia provém de fontes renováveis e o biogás é apontado como uma alternativa ambiental competitiva face à eletricidade, etanol e outras.
A Inês explicou-nos que qualquer pessoa poderá ter no seu quintal um biodigestor e reciclar as ervas, restos de cozinha, cascas de frutas para obter biogás e poder cozinhar à borla.
“O cheiro que sentiram a estrume de vaca, deveu-se à sua incorporação na biomassa, para acelerar o processo” acrescentou a Inês.

O Francisco lembrou que no final, não só se obtém biogás, como um excelente biofertilizante para fertilizar hortas, jardins e solos a necessitar de recuperação.
“Um gás à borla, para cozinhar, para eletricidade ou para o aquecimento, é ótimo! Os meus pais querem construir um modelo à escala, para obter biogás para se cozinhar lá em casa” acrescentou o Alexandre, outro colega do mesmo grupo.
“Uma família de cinco pessoas, fazendo três refeições por dia, consome apenas 1m3 de biogás. “– mencionou a professora responsável pelo projecto. Os vossos colegas de 9º ano, estão muito interessados e têm feito imensas pesquisas sobre este tema, e estão a ter formação com vários Professores e tiveram uma acção com Júlio Piscarreta que veio à Escola.

“Como estamos no Ano Internacional da Energia Sustentável, achei que seria interessante mostrar aos alunos com esta experiência que é possível obter biogás para cozinhar, aproveitando os resíduos orgânicos domésticos da cozinha e das hortas ou jardins.
Podemos assim reduzir o volume de lixos transportados e acumulados nos  aterros sanitários. Além disso desmatações, níveis elevados de CO2, gerados  pelos incêndios florestais, a poluição causada pelos veículos, indústrias e  outros fatores, estão a causar um efeito de aquecimento global a um  ritmo  acelerado, por isso queremos contribuir para a redução das emissões de CO2  e mostrar que é importante a defesa do nosso Património Natural, evitando  importar combustíveis. Queremos divulgar à população que é possível  cozinhar  a custo zero e ao mesmo tempo preservar o Planeta” concluiu a  Professora.

                                                      Marta Sofia Graça e Madalena Valério da Silva